A proposta de Prudente, anunciada já em sua introdução, não é somente uma revisão
do afeto da vergonha na perspectiva da psicanálise de Freud e Lacan. Isso bem
feito já seria interessante. Mas a ideia é sustentar mesmo uma tese: de que a
vergon ha é, nas palavras dele, “um afeto eminentemente social”.
Isso já diz o tamanho da empreitada: pensar e
estabelecer a noção de vergonha na psicanálise lacaniana e sustentar todas as suas
dimensões, a saber, sua operacionalidade clínica , sua vertente teórica – no que
diz respeito à vergonha como afeto de constituição e na sua relação com a malha
conceitual – e, ainda, como se torna um conceito central do modo de se pensar
os fenômenos do laço social da psicanálise. Assim, este l ivro de Prudente segue
da vergonha na clínica para chegarmos ao seu estatuto social.
Ivan
Estevão
Psicanalista e Prof. Dr. da USP