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Stasis - A Guerra Civil Como Paradigma Politico
Agamben, Giorgio
Boitempo Editorial
47,00
Sob encomenda 32 dias
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Stasis é o nome da guerra civil na Grécia antiga – um conceito tão perturbador que a filosofia política posterior preferiu deixá-lo à margem, sem jamais transformá-lo em objeto de uma doutrina consistente nem mesmo entre os teóricos da revolução. Nes te ensaio instigante, livro II, 2 da tetralogia Homo sacer, Giorgio Agamben propõe os primeiros passos rumo a uma “stasiologia”, uma teoria da guerra civil, e sustenta que é precisamente ela, a guerra civil, a verdadeira linha de fronteira da politiz ação no Ocidente. Um dispositivo paradoxal que, ao longo da história, ora despolitizou a cidadania, ora mobilizou o impolítico – e que ressurge sob a forma do terror em escala planetária. Agamben reconstrói esse paradigma a partir de dois polos opos tos e, ao mesmo tempo, solidários: o clássico, segundo o qual a guerra civil é parte constitutiva da pólis, a ponto de quem dela não participa ser privado de direitos políticos; e o moderno, representado pelo Leviatã de Hobbes, que tenta bani-la, mas acaba por introduzir, no próprio conceito de povo, a cisão que a torna possível. No século XX, é Carl Schmitt quem reabilita o estado de natureza temido por Hobbes, fazendo da periculosidade do homem natural o único conteúdo da vida civil: política e guerra, aqui, pressupõem-se mutuamente. Essa visão trágica confronta-se com a leitura de Johan Huizinga, que inscreve a guerra no domínio do jogo, sugerindo que sua origem seria ritual, iniciática, voltada não ao extermínio do inimigo, mas à criaç ão de vínculos – um “jogo sério” que, com o tempo, foi sequestrado pelo Estado e redirecionado a outros fins, à medida que o inimigo se tornava figura do inumano, passível de extermínio. Trecho “O fato de faltar, atualmente, uma doutrina da guerra civil é geralmente admitido, sem que essa lacuna pareça preocupar demasiadamente juristas e politólogos. Roman Schnur, que já nos anos 1980 formulava esse diagnóstico, acrescentava, contudo, que a desatenção em relação à guerra civil caminhava no me smo ritmo que o aumento da guerra civil mundial1. Depois de trinta anos, a observação não perdeu nada da sua atualidade. Enquanto hoje parece ter diminuído a própria possibilidade de distinguir guerra entre Estados e guerra intestina, os estudiosos c ompetentes continuam evitando com cuidado qualquer tipo de aceno a uma teoria da guerra civil”.
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